Por Igor
Gasparini
O
teatro com pouca verba de produção, ou mais conhecido como “teatro de circuito
alternativo” trata-se de uma opção bastante presente nas grandes metrópoles. Diversos
grupos e pequenas companhias, aspirando crescimento na área, tentam buscar
representatividade, realizando sua arte nestes espaços alternativos, pequenos
teatros ou ainda em locais específicos para estes fins.
(Imagem da Internet)
Com
menos de 100 lugares, artistas precisam cuidar de todo o processo de produção
do espetáculo, desde os ensaios e a atuação, até a captação de patrocínios e a
busca por atrair o público para o espetáculo. É uma necessidade que
faz com que os artistas tenham que procurar por apoio direto ou por
qualquer retorno de mídia espontânea. Ainda assim, o principal atrativo é mesmo
o “boca-a-boca”.
Nestes
contextos, conforme pôde ser comprovado em entrevistas realizadas no “Espaço
dos Satyros”, localizado na Praça Roosevelt, em São Paulo , local
conhecido por ser referência no circuito alternativo, a principal motivação do
público para assistir aos espetáculos é por ser indicação de algum amigo ou
conhecido. É comum também se observar que o público possui interesses
semelhantes e é composto principalmente por atores e estudantes de teatro que
prestigiam a peça com o intuito de conhecer o trabalho de seus colegas de
profissão ou apenas por assistir a algum espetáculo que conta com algum amigo
no elenco.
Assim, vê-se pouca diversidade de público em uma peça de circuito alternativo, visto que, conforme pôde ser comprovado pelas entrevistas, as idades são muito próximas (adultos jovens) e possuem características bastante semelhantes, traçando um perfil específico e diferenciado daquele encontrado nas produções de alto orçamento.
Ao
serem questionados sobre o que pensam das grandes produções de teatro, a
maioria concorda que os valores do ingresso são elevados e que preferem
frequentar o ambiente descrito aqui. As grandes produções, mesmo mantendo seus
ingressos a valores que ultrapassam facilmente os cem reais, em teatros com
capacidade de lotação para centenas de pessoas, permanecem em cartaz por muitos
meses.
O
que difere então um contexto do outro? Por que para o teatro alternativo é difícil
lotar suas casas? Trata-se de uma questão de qualidade? O valor do ingresso
corresponde à qualidade, ao “valor” do espetáculo? Se todas as produções são
manifestações explícitas de cultura, por que essa grande diferença entre o
perfil do público, do preço do ingresso e da quantidade de pessoas presentes?
Seria a mídia responsável por confundir entretenimento com cultura, valorizando
os “artistas conhecidos” e fazendo-os destacar diante de seus pares? Em minha
opinião, não se trata da qualidade, mas de uma atitude da mídia de avalizar o
que deve ou não ser consumido, o que gera um empobrecimento do repertório
cultural.
muito bom. parabéns!!
ResponderExcluirObrigado Marília! Bjo! Igor.
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