Sobre Anseio - Companhia de Danças de Diadema
Por Igor Gasparini
Chamego...
Afago... Beijo... Três palavras que
ficaram em minha cabeça após cena do espetáculo Anseio, apresentado na última semana (24 a 27), pela Companhia de
Danças de Diadema, na Sala Paissandu, palco de dança da Galeria Olido, em
programação da Prefeitura de São Paulo. Com coreografia de Cláudia Palma, o
trabalho lotou a sala de espetáculos e deixou muita gente sem ar.
O
público adentra o espaço já com o espetáculo iniciado e se depara com um
bailarino, no canto do palco, enchendo sacos plásticos de ar. Por algum tempo
ele permanece nesta ação e prendendo-os em si. Aos poucos, as pessoas vão se
acomodando em suas poltronas, mas em muito pouco tempo, a atmosfera proposta em
cena já está construída. Rapidamente, todos se envolvem e sentem no corpo sensações
distintas cena a cena.
Na
sala quente da Galeria Olido foi faltando o ar... Solos, duos e conjuntos
trouxeram proposições cênicas em que os anseios vieram à tona. Ora com
respiração ofegante, ora na relação de um com o outro; na opressão, nas
vontades, no contato entre os corpos. Dez bailarinos mostraram mais que
movimentos, mas interpretaram e vivenciaram uma experiência comum: a ansiedade diante
de tudo aquilo nos faz perder o ar.
Refletindo
sobre vida e morte, sobre o último suspiro e sobre a relação com o
envelhecimento, o espetáculo respira ora lentamente, quase que por aparelhos,
ora agitado, precisando de mais oxigênio. E isso vai tocando o público e o
fazendo refletir sobre “Qual é o seu anseio?”.
Tal pergunta
foi realizada por Cláudia Palma aos bailarinos durante o processo de montagem e
ela afirma: “trabalho com essa pergunta inicial para que eles reflitam e possam
passar todo esse universo para a dança. O que eles trazem para mim de imagens
norteia esse trabalho”. Claudia, que há 25 anos trabalha com dança, atuou em
companhias como o Balé da Cidade de São Paulo e hoje dirige a iN SAiO Cia. de
Arte.
Criada
por Ivonice Satie, a Companhia de Danças de Diadema está, desde 2003, sob a
direção de Ana Bottosso. E segundo informações do próprio site da Cia,
“em 1994, um grupo de bailarinos, a convite da Prefeitura do Município de
Diadema, selecionou bailarinos que pudessem compor uma Companhia de Danças e,
ao mesmo tempo, atuar como professores de dança ou arte educadores nos centros
culturais da cidade. E foi assim, que em 1995, nasceu a Companhia de Danças de
Diadema e o Programa de Difusão e Formação em Dança”.